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27/07/2018 15:29

Fertilização in vitro: congelamento de óvulos volta a crescer no Brasil


(DINO - 27 jul, 2018) - Dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informam que o número de embriões humanos produzidos pelas técnicas de fertilização in vitro voltou a crescer em 2017, em relação ao ano anterior. Ao todo, foram registrados nas Clínicas de Reprodução Assistida 78.216 embriões congelados, um aumento de cerca de 17% da utilização dessa técnica no Brasil. As informações são referentes ao Relatório do Sistema Nacional de Produção de Embriões (SisEmbrio), que faz uma radiografia dos serviços de reprodução humana assistida no país.

Segundo a Anvisa, a Região Sudeste é a responsável por 65% dos 78.216 embriões congelados. A Região Sul tem 13%, a Nordeste, 12%), a Centro-Oeste, 8% e a Norte 2% finalizam a lista da distribuição, em porcentagem, de embriões criopreservados no ano de 2017.

Na 34ª Reunião Anual da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE), que aconteceu recentemente em Barcelona, foram revelados dados impressionantes sobre a reprodução assistida: desde julho de 1978, quando nasceu a menina Louise Brown, o primeiro bebê de proveta, já foram gerados mais de 8 milhões de crianças com o uso de técnicas de Reprodução Assistida. É uma área da medicina que não para de evoluir e as mais recentes pesquisas foram apresentadas no encontro, principalmente em relação à preservação da fertilidade tanto masculina quanto feminina.

A infertilidade é um problema que atinge pelo menos 1 em cada 10 casais no mundo, até 10 milhões de pessoas só no Brasil. De acordo com estimativas do ESHRE, atualmente, mais de meio milhão de crianças nascem por ano por meio de procedimentos como fertilização in vitro, inseminação artificial e transferência de embriões.

O ginecologista, obstetra e especialista em reprodução humana da Clínica MAE em São Paulo, Dr. Alfonso Massaguer, esteve no Congresso em Barcelona e destaca a relevância de alguns dos temas que foram apresentados. Um deles interessa especialmente às mulheres jovens que adiam uma gravidez para tratar doenças graves, como câncer, quando o risco de a mulher não conseguir engravidar é ainda maior.

As técnicas atualmente disponíveis para a preservação da fertilidade incluem supressão ovariana com GnRHa, estimulação ovariana e coleta de óvulos, criopreservação e transposição ovariana em casos de radiação do abdômen. Segundo a pesquisa divulgada em Barcelona, a estimulação ovariana para coleta de oócitos maduros é uma opção bem estabelecida para a preservação da fertilidade em mulheres em situação de risco e as chances de uma concepção posterior ao tratamento, usando esses oócitos criopreservados, dependem da idade mulher e do número de oócitos disponíveis.

Para o Dr. Alfonso Massaguer, a preservação da fertilidade, em mulheres que desejam adiar a maternidade seja por fatores sociais ou por câncer, é algo que precisa ser feito para quem deseja engravidar. "É um "seguro" para o futuro, que cada vez mais se torna mandatório e com melhores resultados", informa o ginecologista.

Uma outra pesquisa sobre a estimulação pelo hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) em mulheres com baixa reserva ovariana funcional (LFOR) confirma a origem adrenal de alguns hipoandrogenismos (distúrbio endócrino comum entre mulheres em idade reprodutiva). A insuficiência na produção de andrógenos (hormônios produzidos nos testículos, como a testosterona) pela zona reticular suprarrenal é uma característica de algumas mulheres com LFOR, contribuindo profundamente para o hipoandrogenismo. LFOR, seja devido à idade ou ao envelhecimento prematuro do ovário (POA), também chamado de insuficiência ovariana primária (oPOI), foi previamente associada ao hipoandrogenismo. Segundo os pesquisadores, está ficando cada vez mais claro que as glândulas suprarrenais, através do andrógeno diminuído na produção, pode inibir a função folicular, produzindo uma forma de função ovariana secundária. Segundo o Dr. Alfonso, a pesquisa mostra a influência da suprarrenal no processo. "Como sempre, devemos ver a mulher como um todo e principalmente os hormônios. Em muitas, a reposição de outros hormônios, como aqueles da suprarrenal, podem ajudar a termos melhores óvulos e gravidez", avalia o médico.

Outro tema debatido durante a reunião foi o "Fertility Fest", que tem como objetivo reunir artistas com especialistas em fertilidade para atingir três objetivos importantes - avançar na educação sobre fertilidade; aumentar a conversação pública sobre todos os aspectos da infertilidade e da ciência reprodutiva; e melhorar o cuidado emocional e o apoio a pessoas que lutam para conceber. De acordo com o Dr. Alfonso o "Fertility Fest" é uma grande iniciativa. "Criar cada vez mais acesso aos pacientes, com suas experiências, medos e dores. Além da própria arte, como meio de comunicação e expressão. A reprodução humana não é só ciência, e a ciência não é apenas números. É necessário humanizar tudo sempre, pois tratamos pessoas e não números", afirma o médico.


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