Política
16/11/2020 10:13

Eleições 2020: Bolsonaro falha como cabo eleitoral nessas eleições


Por Eduardo Gayer

São Paulo, 16/11/2020 - Diferentemente das eleições de 2018, quando arrastou consigo na esteira do bolsonarismo deputados, senadores e governadores, o presidente Jair Bolsonaro, neste pleito municipal, falhou como cabo eleitoral de destaque. Dos 59 candidatos para quem fez campanha em suas lives eleitorais, apenas nove conseguiram se eleger.

No maior colégio eleitoral do País, São Paulo, Celso Russomanno (Republicanos) repetiu experiência de outras eleições: largou na frente nas pesquisas de intenção de voto para prefeito, mas derreteu com o andamento da campanha e ficou de fora do segundo turno, terminando na quarta colocação. Os paulistanos vão escolher entre Bruno Covas (PSDB) e Guilherme Boulos (PSOL), dois desafetos políticos do presidente.

"Parece que não foi um bom negócio para o presidente se meter em São Paulo", disse Bruno Covas ao Broadcast Político, logo após o fechamento das urnas, frase repetida por ele durante coletiva de imprensa no fim da noite de ontem.

Em Belo Horizonte, onde Alexandre Kalil conquistou novo mandato de prefeito já no primeiro turno, o apoiado por Bolsonaro Bruno Engler (PRTB), coordenador do Movimento Direita Minas, levou 9,95% dos votos válidos.

Convidada da primeira "live eleitoral" do presidente, Delegada Patrícia (Podemos) perdeu na disputa à prefeitura do Recife, enquanto em Manaus, o ex-colega de Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras Coronel Menezes (Patriota) amargou em quinto lugar.

Em Sobral, berço político do rival do Planalto Ciro Gomes (PDT), Bolsonaro apoiou o derrotado Oscar Rodrigues (MDB), único adversário do prefeito reeleito Ivo Gomes (PDT), irmão de Ciro. O ex-presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo Ivan Sartori (PSD), apesar das propagandas feitos pelo presidente, tampouco levou a prefeitura de Santos (SP).

Também não chegaram às prefeituras de suas cidades, apesar do apoio de Bolsonaro, Doutor Serginho (Republicanos), em Cabo Frio (RJ), Morgana Macena (MDB), em Cabedelo (Paraíba), Júlia Zanatta (PL), em Criciúma (SC).

Senado. Já para a disputa ao Senado de Mato Grosso, para a vaga deixada por Selma Arruda, cassada pelo TSE, o presidente decidiu apoiar Coronel Fernanda (Patriota), mesmo com vários candidatos disputando a condição "candidato do Bolsonaro". A policial militar também não foi eleita.

Para o cientista político e colunista do Broadcast Político Humberto Dantas, o fato do presidente não ter partido contribui para seu baixo desempenho como cabo eleitoral.

Entre as vitórias de Bolsonaro, em duas capitais candidatos a prefeito quebraram o "pé frio" do presidente: Rio de Janeiro e Fortaleza. Em terras cariocas, Marcelo Crivella (Republicanos) conseguiu um fôlego final e chegou ao segundo turno, contra Eduardo Paes (DEM). "Vamos lembrar que Crivella é o prefeito. Isso dá muita força. A surpresa era como ele estava fraco nas pesquisas como incumbente", destacou ao Broadcast Político a cientista política da Fundação Getulio Vargas. Graziella Testa

Em Fortaleza, Capitão Wagner (PROS) vai enfrentar o candidato do PDT, José Sarto. Sabe-se, contudo, que Wagner descolou-se da imagem do presidente na reta final da corrida e preferiu dar ênfase o apoio que recebeu do ex-ministro da Justiça Sergio Moro.

Nas cidades menores, o "mais realista que o rei" Mão Santa (DEM) foi reeleito prefeito de Parnaíba (Piauí), com 68,34% dos votos. Neste ano, ele chamou o coronavírus de "vírus boiola" e chegou a construir um monumento no centro cívico da cidade em homenagem ao presidente, com a inscrição "líder ungido por Deus que livrou o Brasil do comunismo e da corrupção". Em 2001, Mão Santa foi o primeiro governador da história do Brasil a ser cassado pelo TSE. Segundo o próprio Bolsonaro, o político quase foi seu candidato a vice em 2018.

Gustavo Nunes (PSL), outro apoiado pelo presidente, foi eleito prefeito de Ipatinga (MG). "Tudo bem que ele é do PSL, mas vamos lá", chegou a dizer Bolsonaro em uma live eleitoral da semana. O líder do Planalto rompeu com seu ex-partido em 2019.

Vereadores. Dos 45 vereadores apoiados por Bolsonaro em todo o País, só sete conseguiram um mandato para a Câmara Municipal. Em destaque, o filho do presidente Carlos Bolsonaro (Republicanos), que conquistou mais um mandato no Rio de Janeiro. Como mostrou reportagem do Estadão, o desempenho do "zero dois" é tido como termômetro para a popularidade do mandatário em seu reduto eleitoral.

Também foram eleitos para os legislativos municipais com apoio do presidente o youtuber Nikolas Ferreira (PRTB), em Belo Horizonte; Pastor Junior (Podemos) e Marco Aurelio Filho (Avante), em Recife; Aleluia (DEM), em Salvador; Paulo Chuchu (PRTB), ex-assessor do deputado federal Eduardo Bolsonaro em São Bernardo do Campo; e Jessicão (PP), em Londrina.

Entre os não-eleitos, está Wal Bolsonaro, a "Wal do Açaí". Ela era assessora do presidente e, segundo revelou a Folha de S. Paulo, era funcionária fantasma do gabinete do então deputado federal Jair Bolsonaro.

Contato: eduardo.gayer@estadao.com
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