Política
27/11/2018 18:00

Opas/estudo:Fim de cubanos no Mais Médicos pode gerar 37 mil mortes a mais de menores de 5 anos


Brasília, 27/11/2018 - Resultados preliminares de estudo encomendado pela Organização Pan-Americana de Saúde sobre o impacto do Mais Médicos estima que o País poderia ter 37 mil mortes adicionais de crianças menores de cinco anos até 2030 com o fim da atuação de profissionais cubanos. O número é um pouco menor do que o estimado se todo o programa chegasse ao fim. Neste caso, o cálculo é de que o País teria 42 mil mortes a mais entre crianças com até cinco anos.

Apresentado pelo coordenador do Mais Médicos da OPAS, Gabriel Vivas, o trabalho foi encomendando no ano passado, antes, portanto, do anúncio do fim da cooperação entre Brasil e Cuba.

O estudo teve como ponto de partida os ganhos nos indicadores de saúde alcançados na saúde do País desde a implantação do programa, em 2013. No primeiro ano, observou, a cobertura no programa saúde da família passou de 59,6% para 66,9%. Em 2017, 70% da população tinha acesso ao serviços.

Até o rompimento do governo cubano com o programa, o Mais Médicos contava 8.556 profissionais recrutados pelo acordo de cooperação. Isso representava 51,21% da força de trabalho.

Renato Tasca, integrante da OPAS no Brasil, diz ser necessária a confirmação dos dados. Mas levanta uma hipótese para o impacto significativo da atuação de profissionais cubanos no Mais Médicos. "Eles atuavam em regiões onde a carência na assistência era muito significativa. Nesses locais, crianças morriam por diarreia, por falta de assistência básica", completa. Algo diferente do que ocorre em cidades maiores. "Ali crianças morrem de doenças que exigem atendimento especializado." A pesquisadora da Fiocruz Tânia Celeste arremata: "No primeiro caso, a assistência dada pelos profissionais era essencial. No segundo, residual."

As afirmações foram feitas durante o lançamento do Relatório "30 anos de SUS- Que SUS para 2030?", preparado pela Organização Pan-Americana de Saúde. No estudo, foram dedicada 20 páginas para a análise do Mais Médicos. Além da expansão da cobertura na assistência básica, o relatório mostra que dos municípios que tiveram um aumento de mais de 15% nos médicos em atuação por causa do programa, houve uma redução de internações de 8,3%, passados dois anos da iniciativa. No terceiro ano, a redução foi de 13,6%. (Lígia Formenti)
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