Política
20/09/2021 09:49

Entrevista: No PSB, Tabata Amaral assumirá diretório turbinado por filiação de 100 lideranças


Por Camila Turtelli

Brasília, 17/09/2021 - De malas prontas para o PSB, a deputada Tabata Amaral (SP) vai carregar com ela outros 100 nomes e irá assumir o diretório municipal paulista do partido. Assediada por diversas legendas desde seu rompimento com o PDT, ela afirma ter levado em consideração, em primeiro lugar, o posicionamento fechado contra o governo de Jair Bolsonaro para escolher sua nova sigla e também um espaço de diálogo.

Apesar de o PSB também ter punido filiados que votaram a favor da reforma da Previdência, mesmo motivo que desencadeou a saída de Tabata do PDT, ela garante ter segurança de que terá espaço para debater seus posicionamentos, principalmente no campo econômico na nova bancada. "Eu tenho segurança que nenhuma dessas coisas vai acontecer no PSB, porque não aconteceu na história até aqui, agora eventuais diferenças em votações vão ter que ser discutidas uma a uma", disse a deputada em entrevista ao Broadcast Político.

Confira os principais trechos da conversa:

Broadcast Político - Tinham muitos partidos atrás da sua filiação. O Cidadania, por exemplo, chegou a mudar o regimento interno como uma forma de atraí-la. Por que o PSB?
Tabata Amaral -
Muita clareza no projeto contra o governo Bolsonaro. Infelizmente, a gente não tem isso de todos os partidos hoje e, por isso, o impeachment não é pautado. O PSB está no campo progressista e que, nas conversas, demonstrou vontade de fazer uma reforma, de ser mais pautado no diálogo. Aqui em São Paulo serão mais de 100 lideranças que vão se filiar comigo até o dia 25. Muitas delas de outros partidos como Rede, Cidadania e PV. Então, o PSB também ouviu essas lideranças e mostrou ser o lugar onde eu poderia agregar um maior quantitativo de gente, porque nós precisamos estar unidos.

Broadcast Político - O PSB foi um partido que também puniu os deputados que votaram contra a reforma da previdência, mesmo motivo do estopim do seu rompimento com o PDT. Não tem teme que o PSB possa fazer algo parecido com você daqui pra frente?
Tabata -
Ao longo dessas conversas, obviamente esse foi um ponto foi trazido, mas sempre havia uma afirmação e o entendimento dos dois lados que o momento político do Brasil exige essa capacidade da gente focar no que nos une e não no que naquilo que a gente diverge. Há uma compreensão no PSB que é necessário que lideranças do campo progressista, por mais que tenham diferenças pequenas, possam estar unidas em prol de algo maior. O PSB está dentro do campo progressista que é onde eu me encontro e esta dando demonstrações de olhar para dentro e de fazer uma auto reforma.
Além disso, tenho certeza de que nas eleições do ano que vem o PSB vai estar numa posição de combate ao governo Bolsonaro, esse governo autoritário, corrupto e incompetente. O PSB está de fato trabalhando para que se tenha uma construção que vá da esquerda à direita e que quebre a polarização e que esse é um projeto de País.

Broadcast Político - Você vai ter liberdade para votar em pautas mais liberais no campo econômico?
Tabata -
Meu posicionamento econômico é de centro. Não me alio ao liberalismo brasileiro que temos hoje. Dito isso, o que conversei com o partido nessa construção, eles têm ciência da minha visão de mundo, inclusive na área econômica. E o partido realmente acredita que essa visão de mundo cabe. Muito diálogo vai acontecer nas próximas votações. O PDT nunca fechou questão sobre a votação da reforma da Previdência, infelizmente é um partido que tem dono e é muito personalista. O tratamento que o PDT deu a mim foi extremamente machista e diferente do recebido pelos outros sete colegas que votaram a favor da reforma. Eu tenho segurança que nenhuma dessas coisas vai acontecer no PSB, porque não aconteceu na história até aqui, agora eventuais diferenças em votações vão ter que ser discutidas uma a uma.

Broadcast Político - O PSB fechou questão contra a reforma administrativa. Qual é sua posição?
Tabata -
É uma posição contrária. Não vou nem comentar o terceiro texto [do relator Arthur Maia (DEM-BA)] que é o pior de todos, tem uma série de privilégios que são concedidos sem nenhum escrúpulo para a base do governo e vai no sentido oposto do que se espera de uma reforma administrativa que combata privilégios.

Broadcast Político - Você falou sobre evitar a polarização, mas o PSB acaba de filiar o governador do Maranhão, Flavio Dino, um nome que defende a atuação do ex-presidente Lula em 2022 e pode levar seu novo partido a caminhar nessa direção, como fica seu posicionamento nesse cenário?
Tabata -
Dino é uma das lideranças que mais admiro no País, justamente pela capacidade de dialogar e focar naquilo que de fato transforma a vida das pessoas para além das redes sociais. Vou para esse debate com muita tranquilidade. Para as eleições do ano que vem precisamos primeiro de um projeto de País. Não dá para achar que as pessoas vão de novo às urnas para votar A porque não querem B e achar que os problemas do Brasil vão ser resolvidos assim.

Broadcast Político - Mas, pelo cenário atual, há grandes chances do PSB ir com Lula.
Tabata -
O partido tem muita ciência de qual é meu posicionamento em relação ao ano que vem e grandes lideranças de lá concordam que nós precisamos de um projeto de País, que una as pessoas da esquerda à direita. Agora, não tem como eu dizer qual vai ser meu posicionamento porque não sei qual será o cenário e os candidatos. Meu primeiro comprometimento é contra o governo Bolsonaro.

Broadcast Político - Quais são suas pretensões políticas da senhora daqui para frente?
Tabata -
Estou bem focada no meu trabalho como deputada. Pretendo disputar a reeleição no ano que vem e acredito que tenho muito a contribuir ainda.

Broadcast Político - Você participou dos protestos do dia 12 de setembro que foram considerados esvaziados. Como viu isso?
Tabata -
Acho uma leitura só equivocada. A disputa nas ruas até onde me consta não é esquerda ou de direita. Até onde me consta, a gente não estava numa competição para ver quem colocava mais gente na rua. Todo impeachment começa nas ruas. Eu, do campo progressista, tenho mais tranquilidade de ser vocal contra o governo Bolsonaro. Pessoas da direita que defenderam o governo Bolsonaro e que votaram nele têm mais dificuldade de se posicionar, de dizer que se arrepende do seu voto. Então, me parece natural que nesse primeiro momento a esquerda consiga mobilizar mais pessoas porque está nesse projeto contra o governo Bolsonaro. Agora, me parece extremamente corajoso que meus colegas da direita também façam isso. Quem me convidar para ir às ruas contra o governo Bolsonaro vai ter o meu apoio.

Contato: camila.turtelli@estadao.com

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