Por Elizabeth Lopes
São Paulo, 11/09/2019 - A exoneração do secretário especial da Receita Federal, Marcos Cintra, confirmada há pouco pelo ministério da Economia e ocorrida, de acordo com informações de bastidores, pelo desgaste gerado por sua defesa enfática de um novo imposto nos moldes da CPMF, poderá ter impacto no próprio titular do ministério da Economia, Paulo Guedes. Isso porque é certo que o governo precisará criar uma fonte de receita para suprir as finanças públicas e, sem Cintra, que personalizava essa defesa, o ônus deverá sobrar para Guedes. A avaliação é do cientista político, professor e pesquisador da FGV Marco Antonio Carvalho Teixeira, em entrevista ao Broadcast Político.
Para Carvalho Teixeira, a queda de Marcos Cintra revela novamente uma descoordenação do governo Bolsonaro nesse debate. E destaca que essa não foi a primeira vez que posicionamentos públicos do ex-secretário da Receita geraram um mal-estar no governo. De acordo com apurações do Broadcast, a gota d'água para a demissão de Cintra foi a apresentação, ontem, pelo secretário-adjunto da Receita, Marcelo Silva, da proposta de criação da contribuição sobre pagamentos (CP), com alíquotas de 0,2% e 0,4%, que vinha sendo estudada pelo governo, mas ainda não havia sido anunciada, o que acabou gerando reação negativa no Congresso Nacional.
Na entrevista, o cientista político lembra que Marcos Cintra já estava ameaçado de demissão anteriormente pelo próprio presidente Jair Bolsonaro. Quanto ao eventual desgaste da exoneração sobre o ministro da Economia, ele argumenta que além do ônus que Guedes deverá assumir, "ele deixará de contar também com uma pessoa estratégica na sua equipe e muito importante nesse debate". E reitera: "Algum tipo de imposto será criado, mas agora o custo aumentou e o desgaste e a resistência serão bem maiores, pois a criação de um imposto tem impacto negativo no bolso do contribuinte/eleitor."
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