Por Daniel Galvão
São Paulo, 07/10/2019 - O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse há pouco, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tem o direito de não querer sair da cadeia. Gilmar Mendes afirmou acreditar que há um pouco de "recurso de retórica" na manifestação de Lula.
O ministro declarou também que o que chama a atenção no episódio é o fato de os procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato terem oferecido o regime semiaberto ao ex-presidente. "Nunca foram legalistas, mas agora se convenceram porque era conveniente aliviar a pressão que existe sobre o tema", afirmou.
Delação premiada
Gilmar Mendes defendeu ainda o aperfeiçoamento do instrumento da delação ou colaboração premiada. "É preciso o instrumento da delação ou colaboração premiada, mas precisa passar por aperfeiçoamento", disse.
"Hoje, no Congresso há proposta de se rever a delação. Nós temos que discutir isso porque se prestou, com certeza, a abusos", declarou.
Moro
O ministro do STF disse ainda ter a impressão de que o então juiz federal Sérgio Moro, atual ministro da Justiça e Segurança Pública, atuava na Operação Lava Jato com "indicação de testemunha, combinações, escalar procurador para atuar". "Há muitos elementos nos autos, a defesa do Lula vem discutindo isso desde o começo e vamos ter que analisar."
Mas Mendes ponderou que reconhece o trabalho de Moro como juiz. "Não é minha opinião que vale se Moro tem condições de ser ministro do Supremo", disse, no entanto.
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