Por Giordanna Neves
São Paulo, 04/05/2022 - A estratégia do governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), em mirar nos eleitores do presidente Jair Bolsonaro (PL) e minar o pré-candidato Tarcísio de Freitas (Republicanos) é equivocada e vai no sentido contrário ao cenário revelado por pesquisas de intenções de voto. A avaliação é do cientista político Daniel Marinho ao Broadcast Político.
Levantamento divulgado hoje, 12, pela Genial/Quaest mostra que, entre os entrevistados que avaliam positivamente a gestão do ex-governador de São Paulo João Doria, 45% votam em Fernando Haddad (PT) e apenas 9% votam em Garcia.
De acordo com Marinho, os números mostram que a gestão Doria traz votos a Haddad e não a Garcia, que deveria ser a continuidade do governo tucano. "Para que brigar com o Tarcísio se a avaliação do Doria traz hoje votos ao Haddad? É daqui que ele [Garcia] tinha que pensar na estratégia de campanha. Não estamos falando da imagem do Doria, mas do governo", disse.
"A melhor saída seria mostrar os feitos e ações do governo estadual. Se o eleitor aprova ou avalia bem o governo, faz sentido votar no candidato que representa essa continuidade. Mas a maioria não sabe que Garcia era o vice do Doria", completou o cientista político. Garcia tem evitado fazer acenos ou mencionar o seu antecessor neste período de pré-campanha.
Garcia tem adotado discurso voltado para segurança pública, que tem grande apelo ao eleitorado de Bolsonaro, além de tentar minar Tarcísio ao se mostrar como "paulista raiz" nas redes sociais. O pré-candidato de Bolsonaro nasceu no Rio de Janeiro e seus rivais apostam nisso para enfraquecê-lo na disputa pelo governo de São Paulo.
Apesar destes posicionamentos, o governador de São Paulo tem acumulado esforços para fugir da polarização nacional, se mostrando como uma opção que não esteja atrelada nem ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nem a Bolsonaro.
Para Marinho, o movimento é correto pois, no cenário de hoje, os dados corroboram que o eleitor paulista busca um nome independente. “O Garcia é o candidato que tem mais condições de ganhar este espaço”, completou o cientista político.
A Genial/Quaest mostrou hoje que 38% dos eleitores de São Paulo preferem que vença um candidato “nem ligado a Bolsonaro, nem ligado a Lula”.
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