Oslo, 22/06/2017 - Enquanto o presidente Michel Temer tenta dar um ar de normalidade ao seu governo ao se reunir com autoridades norueguesas, empresários em Oslo nesta quinta-feira e até mesmo com a família real amanhã, não longe da capital escandinava uma outra reunião confidencial também atrai para a Noruega uma realidade bastante diferente do Brasil: a da Operação Lava Jato.
A partir de hoje, procuradores, chefes da polícia, juízes e especialistas se reúnem para debater formas de cooperar em casos de dimensão internacional. Organizado pelo Ministério Público da Noruega, o evento faz parte da “Rede de Caçadores de Corruptos”.
Do Brasil, a Procuradoria Geral da República enviou um de seus representantes que, na pequena cidade de Alesund, apresentará aos demais “caçadores” os avanços do combate à corrupção no Brasil e, acima de tudo, buscar formas de ganhar aliados para traçar a rota do dinheiro público. A Força Tarefa da Lava Jato também mandou representantes e devem estar presentes também promotores de São Paulo.
O Estado apurou que, de fato, a Lava Jato estará no centro dos debates, com diversos países interessados em saber o que o Brasil ainda tem a oferecer em termos de dados das empresas e o que precisa ainda quanto às informações de contas e suspeitos.
O conteúdo das conversas é mantido em total sigilo. Mas serve para, num estágio posterior, facilitar o contato entre os procuradores quando o assunto for um novo suspeito.
A rede, que mantém reuniões sigilosas em diversos países, é composta por autoridades da Alemanha, Itália, Reino Unido, Espanha, Suíça, Estados Unidos, de países africanos, árabes e até da Organização das Nações Unidas (ONU). Na liderança da iniciativa está a procuradora anticorrupção da Noruega, Marianne Djupesland. (Jamil Chade, enviado especial)