Economia & Mercados
22/02/2022 09:04

Especial: Brasilprev diversifica carteira em 2021, e lucro aumenta em 11%, para R$ 1 bi


Por Matheus Piovesana

São Paulo, 21/02/2022 - A Brasilprev, líder do mercado de previdência privada no País controlada pela BB Seguros e pela Principal, fechou o ano de 2021 com lucro líquido ajustado de R$ 1,008 bilhão, crescimento de 11% em relação ao resultado de 2020. O bom desempenho da arrecadação dos planos de previdência e a mudança no mix das carteiras explicam o resultado, que fecham um ano desafiador para o setor.

No final do ano, a companhia tinha R$ 318,2 bilhões em ativos sob gestão, o que lhe dava 30% do mercado. As receitas previdenciárias foram 11,5% maiores que em 2020, chegando a R$ 45,8 bilhões no ano e mantendo a liderança no setor.

"Nós tivemos um ano de crescimento, motivado por todo o trabalho que fizemos de levar os clientes à diversificação", disse ao Broadcast o diretor de planejamento e controle da Brasilprev, Nelson Katz. "Começamos 2021 com quase 86% dos ativos investidos em renda fixa, e finalizamos o ano com 33% em multimercados (ante 14% em janeiro de 2021)."

A diversificação da carteira se deu em um contexto de juros ainda baixos, e deve continuar neste ano, mesmo com a taxa Selic de volta aos dois dígitos porcentuais. "Entendemos que é importante estar em renda fixa, variável, onshore (no Brasil) e offshore (fora dele). Acreditamos (que a migração) não será na mesma velocidade em 2022", comentou o executivo.

A maior parte das vendas da Brasilprev se dá através do Banco do Brasil, seja nas agências, seja nos canais virtuais. Entretanto, a empresa vem investindo na expansão de seus canais próprios e também em parceiros, em busca dos clientes do chamado mar aberto, que não estão na base do banco.

Katz afirma que atualmente há cerca de 270 pessoas trabalhando em equipes dedicadas à digitalização da empresa. Segundo ele, a cada 30 ou 60 dias, um novo serviço é levado aos canais digitais. Uma das frentes em que a Brasilprev tem investido é na assessoria aos clientes de forma automatizada, com um "robô assessor". A assessoria é um dos pontos-chave da diversificação: permite entender se o cliente está disposto a tomar mais risco em seu plano de previdência.

"Eu diria que estamos investindo em tecnologia que possibilite que o cliente não precise se movimentar até uma agência física para ser atendido, e também personalizando esse atendimento", pontuou Katz.

Reforço

No ano passado, a Brasilprev recebeu um aporte de R$ 600 milhões dos acionistas, necessário para fazer frente ao descasamento entre o IGP-M e o IPCA. Essa divergência dos índices produz efeitos sobre o balanço da companhia, com diferentes velocidades na correção dos ativos e dos passivos.

A diferença entre índices de inflação deve prosseguir, mas a empresa está mais preparada. "No início de 2021, tínhamos um hedge de 70% (do capital), e fechamos 2021 perto de 82%", afirmou Katz.

Este hedge se deu através da compra de papéis atrelados ao IGP-M, mais raros no mercado. A Brasilprev recorreu ao mercado secundário para comprar NTN-Cs, títulos do Tesouro Nacional que são corrigidos pelo IGP-M. Com vencimento em 2031, esses papéis não são mais emitidos desde 2007, mas ainda circulam.

Também foram adquiridos letras financeiras de bancos e swaps. Por outro lado, a empresa reduziu exposição a ativos pós-fixados e a NTN-Bs (atreladas ao IPCA). "Provavelmente continuaremos olhando as oportunidades. Se houver oportunidades de adquirir IGP-M ou swaps, temos interesse", comenta Katz.

Além do aporte, a Brasilprev estreou no mercado de dívida subordinada em junho do ano passado, com uma emissão de R$ 550 milhões em debêntures para reforçar seu capital. Foi a primeira seguradora do País a recorrer ao instrumento, liberado para o setor em 2020.

Resgates

De acordo com o executivo, a Brasilprev fechou 2021 com resgates líquidos de R$ 700 milhões em seus planos. A indústria tem reportado que os clientes estão recorrendo às reservas para pagar contas ou comprar imóveis, por exemplo. Parte dos resgates também tem sido atribuída às mortes por covid-19: muitos dos óbitos foram de pessoas que tinham planos de previdência, que foram sacados por seus beneficiários.

Katz acredita que a pressão deve arrefecer neste ano. Ele espera uma melhoria nos patamares de renda da população, além de um aumento na arrecadação dos planos. "Acreditamos que tende a aumentar o nível de arrecadação, e por outro lado, com uma melhoria no nível de renda, as pessoas não precisarão fazer resgates", afirma.

Contato: matheus.piovesana@estadao.com
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