Economia & Mercados
25/11/2021 17:28

Especial: Derrota da Hapvida no Cade acende sinal amarelo sobre futuras dificuldades em M&A


Por Luísa Laval

São Paulo, 25/11/2021 - Após a derrota da Hapvida no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), o mercado acendeu um alerta sobre a estratégia de expansão da operadora de saúde. O tribunal da autarquia reprovou a compra da carteira de cerca de 26 mil beneficiários da Plamed, em Aracaju (SE), anunciada pela companhia em dezembro de 2019.

A reprovação foi mal recebida no mercado: as ações da companhia se destacavam entre as principais quedas do Ibovespa nesta tarde na B3, em recuo de mais de 1%, carregando junto os papéis da NotreDame Intermédica, com a qual se encontra em processo de fusão, também à espera do parecer do Cade.

Em comentário a clientes, o analista da Guide Investimentos Luis Gustavo Pereira disse que a informação repercute negativamente por representar um atraso no pipeline de crescimento da companhia.

Segundo um especialista que participa de outras negociações de fusões e aquisições (M&A) envolvendo a Hapvida e que falou sob condição de anonimato, a tendência é que, à medida que as duas principais operadoras de saúde listadas na Bolsa continuem apresentando crescimento acelerado, possam surgir dificuldades para aprovação de novas operações, por causa da ampliação da participação de mercado.

Entre os possíveis motivos para que a transação tenha sido refutada pelo Cade, segundo essa mesma fonte, estaria o não cumprimento pela Hapvida do acordo estabelecido com o conselho quando a operação foi aprovada com restrições, em fevereiro.

O acordo previa, entre outros pontos, que a operadora deveria vender parte da carteira de plano de saúde da Plamed em Aracaju e região metropolitana, para reduzir a concentração de mercado do negócio. A empresa teria ainda que oferecer portabilidade para os usuários dos planos da Plamed para os planos da Hapvida, já contabilizando período de carência.

No ano passado, a companhia já tinha desfeito uma aquisição de parte de uma carteira de 12 mil clientes da Agemed, após a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) obrigar a aquisição da carteira integral de 150 mil usuários em Santa Catarina e no Paraná, onde a operadora não tinha rede própria.

Fusão com a NotreDame

Embora a derrota tenha desagradado ao mercado nesta quinta-feira, partes envolvidas na fusão entre a Hapvida e NotreDame estão otimistas de que a operação será aprovada no Cade, ainda que o conselho tenha declarado que o processo é "complexo", decidindo aprofundar a análise da operação antes de tomar uma decisão. Segundo um participante da operação, o caso está bem encaminhado.

Na visão do especialista, embora as operadoras tenham atuação complementar em boa parte do País, deve haver alguma exigência de venda de parte de ativos para que o Cade aprove a fusão.

"Uma saída que eles têm seria a separação da operadora de planos de saúde com as estruturas próprias de clínicas e hospitais, porque isso acaba por diminuir a integração vertical e ampliar os concorrentes”, aponta. “O que imagino que pode acontecer na combinação é haver restrições onde ambas são dominantes, o que só ocorre em Minas Gerais e Joinville."

Procurada para comentar a reprovação da compra da carteira da Plamed, a Hapvida não respondeu até a publicação deste texto. Em comunicado ao mercado, a empresa informou que segue avaliando as alternativas de próximos passos após a decisão do Cade.

Contato: luisa.laval@estadao.com
Para ver esta notícia sem o delay assine o Broadcast+ e veja todos os conteúdos em tempo real.

Copyright © 2024 - Todos os direitos reservados para o Grupo Estado.

As notícias e cotações deste site possuem delay de 15 minutos.
Termos de uso