Economia & Mercados
10/05/2019 21:15

Com pouco dinheiro em caixa, Gafisa vai renegociar dívidas bancárias


Por: Circe Bonatelli

São Paulo, 08/05/2019 - Com mais dívidas do que dinheiro em caixa, a Gafisa começará uma série de visitas aos principais bancos do País nas próximas semanas na tentativa de alongar os prazos e flexibilizar as condições de amortização. Este será um dos principais desafios do novo presidente, Roberto Portella, que assumiu o cargo há 42 dias, após a renúncia de Ana Recart, cuja gestão é criticada por ter reduzido o caixa da incorporadora.

"Não existe intenção de calote ou de qualquer processo que faça mal à credibilidade da empresa. Pelo contrário. Queremos recuperar as operações e contar com recursos do mercado financeiro", salientou Portella, em entrevista exclusiva ao Broadcast. "Vamos buscar alongar a dívida e renegociar as condições."

A Gafisa fechou 2018 com uma dívida total de R$ 889,4 milhões, incluindo debêntures, capital de giro e financiamento à produção. Entre os credores figuram as principais instituições financeiras do País: Bradesco, Itaú, Santander, Caixa e Banco do Brasil, além de family offices, segundo Portella. O problema da dívida é que R$ 348,3 milhões vencem até dezembro, mas no caixa da empresa havia apenas R$ 137,2 milhões no início do ano, além dos imóveis no estoque, conforme dados do seu último balanço.

A Gafisa espera ganhar fôlego com o processo de capitalização em andamento, que se dará por meio da emissão de ações em duas tranches. A iniciativa pode render até R$ 400 milhões, aproximadamente, se todos os papéis foram subscritos, segundo cálculos de analistas. O investidor Nelson Tanure já avisou nos bastidores que pretende arrematar ações em caso de sobras.

Em paralelo, a direção também quer voltar a listar as ações da incorporadora na bolsa de valores de Nova York. O cancelamento foi um dos atos da gestão anterior. "Temos interesse em voltar ao mercado americano, que representa 12% dos nossos acionistas. Esse processo leva tempo, mas estará pronto na segunda tranche da capitalização", estimou.

Portella avisou, porém, que o dinheiro da capitalização não será usado para quitar dívidas, mas sim para abastecer os empreendimentos e garantir a conclusão das obras. Aí, com a venda e a entrega dos apartamentos, a Gafisa pagará os bancos. "Os recursos irão para o desenvolvimento da empresa. O mercado espera que apliquemos esse dinheiro em atividades que sejam geradoras de caixa. A dívida será paga com as receitas geradas por esses investimentos", explicou. A incorporadora tem 14 canteiros e outros quatro projetos com obras que seriam iniciadas neste ano, conforme seu último balanço.

O presidente da Gafisa enfatizou que a nova direção e o novo conselho têm preocupação com a sustentabilidade dos negócios no longo prazo, o que exigirá a perenidade dos lançamentos. Entretanto, em 2019 ainda não foram abertos novos estandes, o que só deverá ocorrer no ano que vem. Com pouco dinheiro, a prioridade é terminar o que já foi começado.
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