Economia & Mercados
12/04/2019 21:33

Ofensiva da GetNet deve aquecer disputa por MEIs no setor de maquininhas


Rio, 12/04/2019 - A maior agressividade da GetNet, do Santander Brasil, no mercado de microempreendedores individuais, os famosos MEIs, e pessoas físicas deve adicionar um novo capítulo de concorrência neste nicho já bastante disputado pelas credenciadoras de cartões. Outros adquirentes, conforme fontes ouvidas pelo Broadcast, também se movimentam em silêncio e devem anunciar em breve um novo posicionamento, o que deve tornar ainda mais atrativa a oferta para este público.

?A concorrência no setor de adquirência atualmente exige criatividade. Cada player vai fazer seus movimentos. A GetNet fez o dela?, diz o executivo de uma adquirente, que prefere se manter na condição de anonimato.

A GetNet, que se firmou como o terceiro maior player do setor de adquirência no Brasil, anunciou no último final de semana o corte nas taxas das transações nas modalidades de débito e crédito à vista para 2% e o prazo de pagamento, que tradicionalmente é de 30 dias, para apenas dois em um movimento que considera "inédito" no mercado. De acordo com o presidente da empresa, Pedro Coutinho, a ofensiva é uma devolução aos clientes do investimento que a companhia fez em tecnologia e ainda os ganhos de eficiência que obteve nos últimos anos.

Ao contrário do que consta no material de divulgação da nova ação para as maquininhas SuperGet, ele garante que não se trata de uma ação promocional e que as condições anunciadas pela empresa serão extrapoladas da data limite de 31 de maio, divulgada nos materiais publicitários. ?Não será uma promoção. Vamos continuar. Estamos sendo muito claros e transparentes com o público de MEIs e pessoas físicas. Identificamos uma oportunidade de redução de taxas e prazo e estamos exercendo nosso papel junto aos clientes?, diz Coutinho, em entrevista ao Broadcast.

Antes, a SafraPay, do banco Safra, também empacotou uma oferta agressiva para atrair os microempreendedores individuais, em busca de share junto a profissionais que faturam até R$ 1 milhão por ano. Para aqueles que capturam de R$ 3 mil a R$ 7 mil por mês, por exemplo, nenhuma cobrança é feita e a máquina ainda sai de graça. A empresa ainda oferece 100 dias de taxa zero.

Com o "ataque" junto aos MEIs e pessoas físicas, as taxas cobradas por credenciadores neste segmento tendem a ir ladeira abaixo. Em geral, o mercado atua com cobranças que vão de 1,90% a 2,10% no débito e de 3,5% a 4,5% no crédito.

No parcelado, porém, em algumas simulações, as taxas da GetNet perdem para as da concorrência. Coutinho explica, contudo, que o foco da ação da adquirente são débito e crédito à vista. Ele não abre as metas da adquirente em torno da iniciativa, mas admite que é parte da sua estratégia de elevar seu market share no Brasil, que hoje é de mais de 14%.

Para o especialista do Sebrae, Adalberto Luiz, o nome no negócio de adquirência dos MEIs é escala e, por isso, é natural a maior agressividade dos players em busca de crescimento. ?Depois de a PagSeguro enxergar a oportunidade junto aos MEIs, vários players passaram a atuar neste segmento que demonstrou ter um maior apetite pela compra e não aluguel das maquininhas e a tendência é que as taxas cobradas caiam em função da oferta?, lembra ele.

A PagSeguro, do Uol, informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que os microempreendedores tomam a decisão não somente considerando taxas ou o preço da maquininha, mas todas as facilidades e serviços oferecidos. Para o profissional que vende em torno de R$ 2 mil reais ao mês, conforme a empresa, a redução de 0,1% na taxa, na prática, significa desconto de R$ 2,00. ?Portanto, é pouco provável que o microempreendedor tomará a decisão sobre qual máquina irá adquirir apenas olhando a taxa", destaca a PagSeguro, que soma 4,1 milhões de vendedores ativos.

O presidente da GetNet rebate, porém, e diz que, em alguns casos, a depender do volume transacionado pelo dono da maquininha, é possível embolsar cerca de R$ 1 mil, sem considerar o valor de aquisição do terminal.

Prazo menor
A ofensiva de grandes adquirentes junto aos MEIs com um atrativo de pagamento em apenas dois dias também pode impactar players pequenos que operam, sobretudo, com foco na antecipação de recebíveis. Segundo o diretor executivo da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), Ricardo Vieira, os próprios players do mercado tendem a contribuir para baixar o prazo de pagamento aos lojistas, um dos pleitos antigos que circundam o setor de cartões no Brasil.

?Os movimentos são reflexo de um grande crescimento da concorrência nos últimos anos. A agenda D+2 nunca foi retirada da pauta do Banco Central?, destaca Vieira.

O novo crediário, lançado recentemente e que realiza pagamento em cinco dias, conforme ele, também ajuda na direção de reduzir o prazo que os lojistas esperam para receber as transações.

Procuradas, Cielo, Rede, SafraPay e Stone preferiram não se manifestar. (Aline Bronzati - aline.bronzati@estadao.com)
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