Economia & Mercados
10/12/2019 11:45

Modalmais/Sichel: Fed amanhã tem cartas dadas, mas economia americana tem sofrido c/ incertezas


Por Bárbara Nascimento

São Paulo, 10/12/2019 - O estrategista-chefe do banco digital Modalmais, Felipe Sichel, apontou hoje que a guerra comercial e o processo eleitoral próximo têm jogado incertezas sobre a economia americana, o que prejudica investimentos e sinaliza para uma desaceleração. Segundo ele, ainda que a reunião de amanhã do Federal Reserve (Fed) esteja “com as cartas dadas”, no sentido de manutenção da taxa de juros, os efeitos do conflito com a China sobre a economia americana deveriam acender um sinal de alerta para a autoridade monetária.

“Em relação à reunião de amanhã do Fed, as cartas estão dadas, Powell falou de forma muito clara, referendado por outros membros, que a economia está sólida, o mercado está saudável e o crescimento do PIB está consistente com taxa de juros atual”, disse durante teleconferência, ponderando: “Mas pontos de incerteza estão se acumulando no horizonte. A atividade está sofrendo consequências do conflito comercial, isso seria suficiente para ligar sinal de alerta no Fed”.

Para ele, no entanto, não há motivos ainda para acreditar em surpresas por parte do Fed. O banco aposta em taxas de juros inalteradas em 2020, com elevação em 2021 e 2022.

Sichel aponta que há fatores de preocupação em relação à economia americana. Apesar de os dados do payroll indicarem que a desaceleração no mercado de trabalho será menor do que o esperado, há alguma cautela em relação ao peso do consumo no desempenho da atividade dos EUA. “O crescimento americano tem se dado pelo consumo, a preocupação é pela sustentabilidade desse consumo à frente. A gente sabe que o consumo americano, por mais que seja forte, ainda é volátil”, disse.

Ele destaca que o consumo americano hoje tem peso significativo no PIB do país e uma perda de dinamismo desse item seria suficiente para “jogar o crescimento americano para baixo do potencial”. “Fica evidente que há mais riscos baixistas na economia americana do que de retomada da atividade”, pontuou.

O executivo ainda questiona o real efeito da política monetária para a economia americana. Para Sichel, o movimento de alívios nos mercados recentemente foi causado “mais por notícias de avanços positivos na guerra comercial” do que pelos movimentos do Fed.

Para o Brasil, o estrategista acredita em mais um corte de 25 pontos-base. E apontou que os primeiros movimentos de elevação da Selic ou mesmo uma postura mais “hawkish” do Banco Central só virão com uma retomada mais consolidada da atividade. “A discussão do Banco Central agora deve girar em torno do ritmo de retomada da atividade”, disse.

Contato: barbara.nascimento@estadao.com
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