Economia & Mercados
13/10/2021 16:37

BC/Kanczuk: ritmo de alta de 1 ponto porcentual na Selic não é um compromisso


Por Thaís Barcellos e Eduardo Rodrigues

São Paulo e Brasília, 13/10/2021 - O diretor de Política Econômica do Banco Central, Fabio Kanczuk, afirmou há pouco que a sinalização do Comitê de Política Monetária (Copom) é de que o orçamento de alta de juros aumentou em virtude da projeção de inflação em 2022 em 3,7%, acima do centro da meta de 3,5%, e com o balanço de riscos assimétrico para cima devido ao cenário fiscal. “Com risco fiscal, não dá para evitar política monetária mais apertada. Nós concordamos que o problema fiscal pode levar à inflação maior”, disse, em evento do HSBC.

Mas Kanczuk repetiu declarações anteriores do presidente do BC, Roberto Campo Neto, de que o nível final da Selic é mais importante do que o ritmo para alcançar o objetivo de convergência da inflação à meta em 2022.
“Pensamos que ritmo de alta de 1 ponto porcentual da Selic é mais do que suficiente para 2022. Precisamos elevar mais a Selic, mas vamos manter o ritmo”, afirmou.

Ele ponderou, contudo, que esse passo de 1 ponto porcentual não é um compromisso e que o BC pode alterá-lo se for necessário. “Se ritmo da inflação enlouquecer, posso achar que ritmo de 1 pp não será mais suficiente.”

Segundo Kanczuk, o Copom “não é escravo” de projeções do mercado e que só aproveita informações. O diretor do BC argumentou ainda que as projeções de inflação nos horizontes mais longos, de três a quatro anos, estão ancoradas.

Sobre a discussão de usar política cambial para controlar a inflação, Kanczuk argumentou que o BC avalia que a taxa Selic tem um efeito maior sobre a dinâmica inflacionária no horizonte relevante. Segundo o diretor do BC, não há como usar a Selic e a taxa de câmbio para controlar a inflação. “Não funciona.”

Kanczuk afirmou que se o BC entendesse que as intervenções cambiais são melhores para esse propósito, teria de abandonar o sistema de metas. “Não faremos isso. No curto prazo, o câmbio tem mais efeito, mas, no horizonte relevante, não”, disse, sobre os tempos diferentes de efeito do câmbio e da Selic sobre a inflação.

Contato: thais.barcellos@estadao.com; eduardor.ferreira@estadao.com
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