Economia & Mercados
17/06/2021 08:57

Especial: Aumento dos juros no EUA virá mais cedo e mudará cenário para investimentos


Por Ernani Fagundes

São Paulo, 17/06/2021 - Os países emergentes, entre eles o Brasil, já podem redobrar a cautela. A retirada dos estímulos monetários nos EUA e o aumento dos juros por lá poderá vir mais cedo do que esperava. Anteriormente, pensava-se que a alta dos juros ocorreria em 2024, agora o próprio Federal Reserve (FED), o BC dos EUA, admite que acontecerá em 2023.

Na avaliação de economistas consultados pelo Broadcast , quando o FED sinalizar essa elevação dos juros com maior clareza, os mercados vão se ajustar a um novo cenário, com reflexos financeiros em todo o mundo.

“Quando a alta dos juros ocorrer, até pode ser em 2022, em pleno ano eleitoral no Brasil, vai sacudir aqui e todo o mundo, afetar o fluxo dos países emergentes. E será normal, o que não faz sentido é ter juro zero na maior economia do planeta”, afirma o economista-chefe da XP, Caio Megale.

Megale explicou que a volatilidade virá por causa do fluxo financeiro global que irá buscar rentabilidade segura nos títulos do tesouro norte-americano de 10 anos. “É só subir um pouquinho, que o fluxo irá preferencialmente para os EUA, reduzindo os recursos em investimentos de risco nos países emergentes”, diz.

Na visão da economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitória, o ajuste dos juros pelo FED ainda vai demorar um pouco. “No final de 2023 provavelmente pelas indicações de Jerome Powell (presidente do FED), mas será um ajuste gradual e bem avisado ao mercado. Todo mundo (gestores e profissionais de mercado) vão ter tempo de se preparar para absorver esse impacto”, afirma.

Em opinião semelhante à de Megale, Vitória diz que é “natural” uma elevação dos juros nos EUA após um longo período de taxas muito baixas. “Isso é sinal de que a economia está indo melhor, que as empresas estão crescendo, que as perspectivas de lucro das companhias são crescentes. Quem tiver uma carteira mais diversificada terá mais oportunidades”, afirma.

Aviso no câmbio

O economista-chefe da Neo Investimentos, Luciano Sobral, também destaca que a maioria dos dirigentes do FED avalia que a alta dos juros virá mais cedo e diz que o primeiro reflexo será um dólar mais forte do que vemos hoje e volatilidade nos mercados. Sobral contextualiza que mexer nos juros nos EUA é como “manobrar um transatlântico”. “O FED tem o controle do processo, que será muito gradual”, aponta Sobral.

Para o chefe de renda fixa da Easynvest by Nubank, Guilherme Artmann, a redução dos estímulos monetários nos EUA e na sequência, o aumento das taxas dos Treasuries devem tirar recursos dos mercados emergentes. “Mesmo numa subida leve, bem coordenada, vai o dinheiro do mundo todo para os EUA para os títulos de 10 anos lá. Isso tem impacto para ativos de risco nos países emergentes, mas também para empresas de tecnologia que são intensivas em consumo de capital. O capital vai ficar mais caro”, alerta Artmann.

Contato: ernani.fagundes@estadao.com
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