Agronegócios
13/09/2017 13:39

BNDES quer impulsionar energia solar como fez com eólica


Rio, 13/9/2017 - O BNDES quer dar ao segmento de energia solar o mesmo impulso que vem dando à energia eólica desde 2005, e que garantiu a instalação de 11 GW no País, hoje fundamentais para salvar a região Nordeste de um apagão. Em entrevista à Broadcast, a superintendente da área de energia do banco, Carla Primavera, afirmou que o leilão de geração A-4 (com entrada em operação em 2021), previsto para dezembro, deverá trazer novos projetos de energia solar após um período sem leilões.

O Governo programou para dezembro a retomada dos leilões de geração. Serão realizados os leilões A-4 e A-6 (entrada em operação em 2023), sendo que os projetos de energia solar serão aceitos apenas no A-4. Por volta do dia 15, o governo deverá saber qual será a demanda das distribuidoras para o leilão, dado que será usado pelo BNDES para estimar o volume que deverá financiar.

Para este ano, o BNDES já tem contratado R$ 14 bilhões para financiamentos no setor de energia, dos quais R$ 6,3 bilhões já foram desembolsados no primeiro semestre. O valor total previsto para o ano fica bem acima dos R$ 9,3 bilhões desembolsados em 2016, porém bem abaixo dos R$ 22 bilhões do ano anterior.

Carla explica que os valores de desembolso acompanham a realização dos leilões de energia do governo. Principalmente os anos de 2012 e 2013 foram marcados pela contratação de grandes projetos, com a usina hidrelétrica de Belo Monte. Já em 2015, o total de R$ 22 bilhões direcionados pelo BNDES para a área de energia teve grande participação das usinas eólicas contratadas no leilão de 2013.

Sem grandes projetos estruturantes na mira, Carla estima que os parques eólicos e solares que serão vendidos no final do ano irão buscar apoio do banco, assim como os projetos das linhas de transmissão.

Historicamente, lembra Carla, o banco sempre apoiou o setor e conseguiu acompanhar as demandas dos leilões. Nesse momento, a área de Carla está conversando sobre as condições de financiamento para os dois certames de geração de dezembro, que serão anunciadas no final deste mês ou no começo de outubro.

"Tem uma expectativa de receber um valor expressivo de demanda (dos leilões), atrelado a esses dois leilões. A gente acredita sim (sobre a demanda), porque a gente não vislumbra ainda uma profundidade de um mercado de longo prazo no Brasil", afirmou.

"Mas se o mercado privado comparecer, tanto compartilhando com o banco ou oferecendo cem por cento, ótimo, é sinal que o mercado se desenvolveu", avaliou.

A expectativa sobre os financiamentos para os novos leilões depende ainda da declaração de demanda das distribuidoras, diz Carla, prevista para ser divulgada depois do próximo dia 15.
Segundo especialistas, a demanda das distribuidoras deve ser baixa, devido à entrada de vários projetos nos últimos anos que aumentaram a oferta de energia no País.

O BNDES divulgou ano passado novas diretrizes para financiamentos na área de energia. Entre outras questões, passou a ter maior foco em projetos de renováveis e de eficiência energética, abolindo integralmente o apoio a usinas movidas a carvão.

Outros recursos que deverão ser demandados, informa a superintendente, referem-se às linhas de transmissão vendidas em outubro de 2016 e abril de 2017, e que até hoje não levaram pleitos de financiamento ao banco.

"Quem ganhou o lote ainda não colocou o pedido no banco devido ao amadurecimento normal desses projetos, avaliando as questões ambientais. Temos expectativa ainda de receber um valor expressivo de pleito de financiamento de linha de transmissão", diz Carla.

O BNDES ainda não sabe se vai alterar regras de financiamento após as mudanças no marco regulatório do setor, que já passou por audiência pública e está em discussão.

"Estamos acompanhando (a discussão do marco) de perto, foi uma Consulta Pública e agora está sendo discutido com o setor. Ainda não implementamos nenhuma mudança no banco porque vai depender de como o marco será implementado, a própria consulta mencionava um leque de possibilidades", avalia.

Ela prevê que o leilão de transmissão não terá nenhuma mudança de regras de financiamento devido às já implementadas no ano passado, mas para os leilões de geração as regras de financiamento podem ser alteradas.

"Estamos estudando com cuidado toda a discussão que houve em relação à alteração da TJLP para TLP , da Medida Provisória que foi convertida agora no Senado . A gente acha que merece uma discussão interna para saber se continua com as condições atuais", afirmou. (Denise Luna - denise.luna@estadao.com)
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