Por Leticia Pakulski
São Paulo, 06/08/2020 - O diretor-geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Mendes, disse nesta quinta-feira que o consumidor de soja e farelo europeu quer ouvir do Brasil que há um esforço para recuperar as áreas que foram desmatadas de forma ilegal. "O que esse consumidor de soja estaria disposto a ouvir seria o seguinte: que nós estamos replantando áreas ilegais desflorestadas da Amazônia. Isso é o que eles realmente gostariam de estar ouvindo. Se a gente quiser gastar dinheiro, essa é uma forma que você de cara desarma a Europa", disse Mendes, em painel do evento Abertura de Safra de Soja, Milho e Algodão 2020/21, organizado pela Datagro. Ele ponderou, entretanto, que hoje 90% da soja é negociada para outros países que não os da Europa, que têm outras preocupações além da ambiental. Segundo Mendes, a soja não é responsável pelo desmatamento na Amazônia, mas nem sempre é possível combater essa percepção só com números, é preciso melhorar a comunicação com os consumidores.
O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Bartolomeu Braz Pereira, voltou a destacar os dados da Embrapa de que apenas 8% do território brasileiro é destinado à agricultura e somente 4% para a soja. "A gente tem ajudado a melhorar o sistema de monitoramento do CAR (Cadastro Ambiental Rural). São situações que a gente precisa resolver internamente, mas que não são de grande dificuldade e vão trazer um resultado ainda melhor", disse.
Pereira destacou que, após a questão das queimadas no Brasil no ano passado, houve uma reação negativa por parte da Europa, mas isso não se refletiu em demanda. "Diante de todo o acontecido no ano anterior, achávamos que íamos ter problemas nos nossos mercados, mas nossos mercados cresceram. A própria Europa buscou mais os nossos produtos."
O representante da Aprosoja defendeu também a regularização fundiária das áreas devolutas e não cadastradas para facilitar a punição de desmatamento ilegal. "A gente é totalmente contra desmatamento ilegal, isso prejudica imagem", disse. "A gente tem que mostrar que somos o país mais sustentável e que tem a melhor mercadoria para oferecer."
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