Agronegócios
28/04/2021 09:46

Cargill vê perspectiva positiva para exportação e margens de esmagamento de soja em 2021


Por Leticia Pakulski

São Paulo, 28/04/2021 - A Cargill vê exportação de soja do Brasil aquecida em 2021 com a safra recorde que está terminando de ser colhida e demanda chinesa firme, diz o presidente da empresa no Brasil, Paulo Sousa. O executivo projeta margens de esmagamento estáveis, mas ainda "em uma situação positiva" no País, com a comercialização lenta de soja para esmagamento na Argentina, procura global forte e competitividade da indústria brasileira. As exportações de milho, contudo, dependerão do tamanho da safrinha, que atualmente passa por um período de clima desfavorável ao desenvolvimento, segundo o executivo.

"Este ano começou muito bom para exportação, com volumes recordes sendo exportados de soja, e uma safra recorde também, então essa parte segue muito bem", diz Sousa. Do lado da demanda, a expectativa é de continuidade do interesse da China por soja brasileira em 2021. "A China continua sendo o maior comprador de soja do Brasil disparado. Com a reposição dos estoques de suínos lá, isso dá uma base de demanda maior para a soja brasileira. Permanece sendo um cenário bastante positivo", afirma o executivo.

Há preocupação, todavia, com o risco climático para o milho safrinha, que foi plantado com atraso e, em parte, fora da janela ideal, após o plantio e colheita de soja terem atrasado no País. "Tem alguns Estados do Brasil, notadamente Mato Grosso do Sul, Paraná, parte de São Paulo, Minas e Goiás, que estão com chuvas abaixo do esperado e, com isso, já estamos tendo uma redução nos números projetados para a produção de milho. Isso, claro, não é muito positivo."

Para o mercado doméstico de alimentos, onde a Cargill atua com óleos de cozinha e compostos, atomatados, maioneses e molhos para salada, a limitação de renda em consequência do desemprego com a crise da pandemia de covid-19 é um fator de preocupação. "Sabemos que agora não tem como o País arcar com o mesmo nível de auxílio emergencial que tivemos no ano passado", afirma o executivo. "O cenário doméstico é mais desafiador do que o cenário para exportação."

Quanto às margens de esmagamento de soja, Sousa espera estabilidade ante 2020 “mas em uma situação positiva”. "O ano passado foi um ano bom. O cenário global de esmagamento de soja foi positivo", afirma. "Um fator muito importante aí é Argentina, onde o produtor segurou muito a soja e, com isso, o esmagamento caiu. O país esmagou menos do que geralmente esmaga, e isso em geral acabou permitindo que o resto do mundo tivesse margens melhores." Para este ano, produtor argentino pode continuar retendo a oleaginosa. "Vai ser uma comercialização bem arrastada (na Argentina). Dá a chance de o Brasil também se posicionar para exportar bastante farelo." Do lado do óleo de soja, a demanda doméstica é forte, mas precisa ser monitorada, segundo o executivo, em virtude do problema de renda, além da incerteza sobre o mercado de biodiesel. "Tem alguns fatores que não são tão altistas em termos de margem, mas, por outro lado, a demanda global continua muito forte e a indústria brasileira está bem competitiva.”

Investimentos - A empresa ainda não definiu o volume total de recursos a ser investido no Brasil em 2021, após ter desembolsado R$ 918 milhões no ano passado, 40% mais do que em 2019. Segundo Sousa, a Cargill monitora a “volatilidade” no cenário macroeconômico e na mistura de biodiesel no diesel. "Somos players de biodiesel e, dada a oportunidade, queremos aumentar a nossa presença nesse mercado. A redução de B13 para B10, como aconteceu no último leilão, não é uma coisa muito saudável em relação à projeção de investimento, porque mostra que existe uma volatilidade do mandato. Não dá para você fazer um investimento focado no mandato cheio porque pode ser que não aconteça", avalia Sousa. "Isso é um pouco preocupante."

Segundo o executivo, o setor como um todo busca negociação junto com o governo federal, "que tem se mostrado aberto para a discussão", a fim de encontrar uma solução que traga mais previsibilidade para o mandato. "Não dá para ficar com essa volatilidade, é ruim para todo mundo. O governo federal está consciente disso e quer ouvir propostas para trazermos mais previsibilidade a esse mandato dentro dessa faixa de porcentual que a lei permite."

Ainda assim, o executivo indica que o investimento da empresa no País pode ser parecido ou maior do que em 2020 "havendo oportunidade". Segundo Sousa, a Cargill busca acompanhar o crescimento esperado para a produção brasileira tanto de grãos quanto de proteína animal, setor para o qual fornece ração. "Os nossos investimentos devem estar alinhados com a nossa visão de crescimento dessas commodities dentro do Brasil."

Contato: leticia.pakulski@estadao.com
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