Agronegócios
13/09/2017 11:40

Prisão de Wesley Batista pode abrir espaço para compra de ações ao acelerar troca de comando


São Paulo, 13/09/2017 - A prisão do presidente da JBS e sócio da J&F Investimentos, Wesley Batista, hoje pela Polícia Federal, pode ter duas interpretações distintas pelo mercado. Segundo operadores, a primeira é que pode abrir espaço para compra de ações, já que a prisão pode acelerar a saída de Wesley do comando da JBS, o que é desejado pelo mercado e por um dos principais acionistas junto com a família Batista, o BNDESPar. Por outro lado, é uma nova ameaça ao acordo de leniência firmado pela holding J&F, o que é negativo para o papel.

"Acredito que não sofre tanto não, acaba até facilitando, porque já existia a manifestação do BNDESPar de tirar Wesley da presidência", comenta Luiz Roberto Monteiro, da corretora Renascença.

Monteiro lembrou, inclusive, que já era de conhecimento do mercado que os irmãos Batista venderam ações da empresa em maio e atuaram no mercado de câmbio. Aliás, esse é o objetivo da operação de hoje, chamada de Acerto de Contas, como Segunda fase da Operação Tendão de Aquiles. No pedido da Polícia Federal, consta que ‘há provas que os irmãos agiram pessoalmente para manipular ações do grupo no mercado’.

Um profissional, que preferiu não se identificar, destacou que é difícil prever o desempenho do papel, pois há muitas variáveis envolvidas, mas ressaltou que o BNDESPar tem participação relevante na empresa e já declarou abertamente o desejo de tirar a família Batista do comando. No dia 1º de setembro, inclusive, uma Assembleia-Geral Extraordinária (AGE) havia sido pedida pelo BNDES para tratar o assunto, mas a Justiça aceitou pedido da holding J&F e suspendeu a AGE por 15 dias.

Outro operador lembrou, contudo, que a prisão pode ameaçar o acordo de leniência, o que é prejudicial para todas as empresas da J&F. A JBS havia aderido ao acordo no dia 6 de setembro.

No dia 11, o juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, decidiu suspender a homologação do acordo de leniência do grupo J&F no âmbito criminal, o que impede pessoas ligadas à empresa de aderir ao acordo e se beneficiar dos efeitos penais. A decisão não tem impacto em processos de responsabilidade civil, ou seja, o pagamento da multa de R$ 10,3 bilhões e os benefícios acordados para a empresa foram mantidos porque não são de competência da 10ª Vara. (Marcelle Gutierrez - marcelle.gutierrez@estadao.com)
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