Agronegócios
28/03/2017 11:53

PF/Lava jato: Passados 3 anos, verificou-se que corrupção passa de geração a geração


São Paulo, 28/03/2017 - A 39ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta terça-feira (28) e nomeada como Paralelo, trouxe uma nova constatação, de que a corrupção passava de geração em geração nas gerências da Petrobras, informou a força-tarefa em coletiva de imprensa.

Na investigação, notou-se que o ex-gerente de engenharia da petroleira Roberto Gonçalves (março de 2011 a maio de 2012), alvo principal desta fase e que foi preso em Roraima, herdou as propinas do seu antecessor, Pedro Barusco. Barusco é um dos delatores da Lava Jato e confessou ter recebido US$ 97 milhões em propinas.

"Na Petrobras, a sucessão não era somente do cargo, mas também do poder e das propinas recebidas pelo cargo. Passados três anos de Operação Lava Jato, diversas colaborações celebradas, documentos coletados, se verificou que a corrupção é intergeracional, ela passa de geração em geração, infelizmente, de pai para filho", disse o procurador do Ministério Público Federal (MPF) Roberson Pozzobon.

Pozzobon também apontou para o "direito adquirido à propina". "Havia um certo direito adquirido à propina. Por que um certo direito adquirido? Mesmo após os funcionários da Petrobrás corrompidos saírem da estatal, eles continuavam recebendo por um, dois ou três anos valores das empresas corruptoras quando não tinham qualquer influência naquele cargo."

Por meio de documentos enviados pela Suíça, descobriu-se que Gonçalves tinha cinco contas no País. Uma delas recebeu em 2011 US$ 3 milhões do Departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht, conhecido como setor de propinas da empresa. Outra conta recebeu US$ 5 milhões de dólares de Renato Duque, ex-diretor da Petrobras, que, por sua vez, recebeu do lobista Guilherme Esteves, fruto da propina vinda do Estaleiro Jurong. O ex-gerente também recebeu propina da empreiteira UTC, oriunda de um consórcio com a Odebrecht no Comperj, através da conta do ex-executivo da empresa baiana Roberto Araújo.

Os outros valores foram recebidos em contas que estavam em nome de offshores que tinham como beneficiário financeiro final Roberto Gonçalves. Segundo a força-tarefa, as contas foram criadas em Bahamas e no Panamá assim que o ex-gerente assumiu o cargo.

A força-tarefa também explicou que, assim que se iniciou a Operação Lava Jato, em 2014, Gonçalves começou a dissipar os valores das contas para outros países, como China e Bahamas, dificultando a sua restituição. Essa dissipação, descoberta com documentos recebidos pela Suíça no início do ano, chamou bastante atenção da força-tarefa, que argumentou que todos esses motivos justificaram a prisão do ex-gerente.

A investigação ainda tem por objetivo apurar a responsabilidade criminal do ex-executivo da Diretoria de Engenharia e Serviços da Petrobrás, apontado como o beneficiário de diversos pagamentos em contas clandestinas no exterior, feitos por empreiteiras que tiveram contratos com a empresa. O termo paralelo é utilizado em uma simples alusão à atuação clandestina à margem dos órgãos de controles oficiais do mercado financeiro por parte dos investigados.
(Thaís Barcellos - thais.barcellos@estadao.com, elizabeth.lopes@estadao.com, Julia Affonso, Ricardo Brandt, Luiz Vassallo e Mateus Coutinho)
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