Agência 99
24/09/2021 08:00

O que esperar do 5G para a promoção da igualdade?


A chegada do 5G promete promover uma revolução. Ao deixar a conexão mais rápida nos smartphones, a internet de quinta geração facilitará o acesso a serviços já existentes e viabilizará a criação de novos recursos que dependem de alta velocidade. Em regiões que hoje enfrentam instabilidade para o acesso, por exemplo, pedir um carro por aplicativo ficará ainda mais fácil.
A previsão é que a primeira etapa no Brasil seja concluída ainda em 2021. Em disputa pelas operadoras por mais de 1.200 MHz de frequências, o leilão da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) é visto como a porta de entrada para a tecnologia no País. A expectativa é que essa internet possa ser até 20 vezes mais rápida que a atual, a já conhecida 4G.
Toda inovação, porém, tem seu custo. Em um País com 213,3 milhões de habitantes e grandes diferenças sociais, o Brasil precisará encontrar caminhos para evitar o processo de exclusão social. Dessa forma, é fundamental encontrar meios para evitar ainda mais o distanciamento entre as pessoas.

Vantagens

Responsável pelas áreas de operações, infraestrutura e aplicações corporativas da Locaweb, Gustavo Salviano explica que o 5G garantirá mais qualidade de conexão. Com isso, as pessoas contarão com uma internet mais rápida. Outra característica marcante será a estabilidade, o que trará mais confiabilidade ao serviço.
Para o especialista, a inovação transformará a forma como as pessoas se interligam por meio da tecnologia, facilitando também o contato com empresas e serviços. Consequentemente, essa mudança permitirá o aparecimento de novos negócios. Entre os exemplos, os veículos autônomos.

Alertas

Com tantas possibilidades à mesa, o grande desafio, portanto, é encontrar caminhos para evitar a exclusão digital, democratizando todo esse processo. Doutora e pesquisadora sobre cidades inteligentes, Stella Hiroki explica que o 5G ampliará a utilização de dados para encontrar soluções urbanas. "Uma das pautas é tentar reduzir e colocar mais atenção na desigualdade social, que é expressiva quando a gente olha na questão estatística", afirma.
Atualmente, a desigualdade entre as classes sociais pode ser caracterizada através do compartilhamento do sinal. Segundo Stella, a relação entre os usuários e as torres que permitem acesso à internet é latente.
"Em áreas onde a situação financeira é melhor, menos pessoas dividem torres de celular. Já em regiões com maior densidade demográfica e com mais vulnerabilidade, o compartilhamento de uma mesma torre é muito maior. Isso prejudica o acesso", diz.
Em um de seus artigos, Stella afirma que a cidade inteligente busca, de fato, unir a grande infraestrutura de tecnologia que permeia as cidades com a promoção de boas práticas que buscam o aumento da qualidade de vida dos cidadãos.
"Aliado a isso, a mobilidade tem papel fundamental nesse trabalho em conjunto. Isso porque incentiva o acesso da população à pluralidade das áreas e discussões promovidas pelo cotidiano em cidades", descreve.

Exemplos

Com a mobilidade em destaque neste processo, é importante conhecer alguns exemplos e, até mesmo, compartilhar experiências. No mundo, algumas cidades já utilizam dados do setor para um planejamento mais seguro e atento às mudanças que acontecem no espaço urbano.
"Ao contrário do que muitos podem pensar, o estado do Texas não é apenas uma estrela solitária no meio de um deserto. No entanto, há cidades em seu espaço que sofrem com enchentes. Como é o caso de Houston, a 270 km da capital, Austin", destaca Stella.
A pesquisadora explica que o Departamento de Emergências de Houston precisava de um sistema de monitoramento e alerta sobre o começo dos alagamentos nos bairros. O objetivo da prefeitura era tomar à frente da ação e informar a população, antes mesmo das pessoas entrarem em contato para falar sobre as áreas em risco.
"Dessa maneira, ao invés de gastar com um novo software e ter que ensinar as pessoas a usá-lo, o Departamento de Emergências pensou: por que não utilizar as informações que a população compartilha nas redes sociais sobre os seus bairros para criarmos esse plano de prevenção a desastres?", diz.
A solução encontrada foi orientar a utilização e analisar as informações compartilhadas pelos moradores nas redes sociais com a hashtag (#) e o check-in "estou em segurança".
Com os dados disponíveis, o departamento criou, então, novos planos de mobilidade na cidade. Dessa forma, rotas alternativas são apresentadas para facilitar o desvio de locais alagados, assim como são criados fluxos para o abastecimento de água potável.
Ainda nos Estados Unidos, outro exemplo recebe o destaque de Stella. Em Nova York, ativistas trabalham em roteadores nos tetos dos edifícios para que mais pessoas tenham acesso à internet.

No Brasil

Já em território nacional, algumas iniciativas buscam driblar os atuais problemas de acesso à internet encontrados em algumas regiões. Com constante crescimento na classe C, o transporte por aplicativo depende de soluções diferenciadas para a real democratização do serviço.
Para facilitar o transporte por app aos usuários, a 99 adicionou aos seus serviços o WhatsApp. Dessa forma, o passageiro pode solicitar um carro através da ferramenta de compartilhamento de mensagens instantâneas.
A iniciativa beneficia principalmente os passageiros que moram em regiões onde o sinal de internet é intermitente, o que dificulta a utilização do app da empresa de tecnologia ligada à mobilidade. O pedido pode ser feito pelo número (11) 99797-9090.
Atualmente, o serviço está disponível nas seguintes cidades: Araraquara, Bauru, Presidente Prudente e São Carlos, em São Paulo; Curitiba, Ponta Grossa, Foz do Iguaçu, Londrina, Cascavel, Paranaguá, Toledo e Guarapuava, no Paraná; Maceió, em Alagoas; Teresina, no Piauí; Vitória da Conquista, na Bahia; e Campina Grande, na Paraíba.
Todas as corridas solicitadas pelo WhatsApp são atendidas pelos mesmos motoristas do 99Pop e a forma de pagamento é apenas em dinheiro. Por isso, não é preciso enviar informações sobre cartão de crédito.
Também no Brasil, o projeto chamado Smart Mobility, em Joinville (SC), recebe a atenção de Stella Hiroki. A iniciativa traduz as informações em soluções assertivas para a mobilidade, que levam em consideração a opinião da população. Consequentemente, os dados coletados são transformados em aplicações para o dia a dia no trânsito.
"Uma das mudanças, simples, uma rotatória, trouxe aos motoristas um retorno de 72 horas por ano que eles não ficam mais presos no trânsito, como também a prefeitura teve uma resposta de produtividade de R$ 7 milhões por ano", descreve a pesquisadora.
Com tantas possíveis aplicações e ainda com um caminho longo a percorrer no País, o 5G tem em suas mãos a possibilidade de efetivar a democratização ao acesso.
"Se houver mais atenção a esse ponto, a tecnologia não vem como um malefício. Eu defendo que quanto mais protagonismo das pessoas existirem nas cidades pela tecnologia, melhor elas vão viver. Quanto mais pessoas participarem do uso da tecnologia, os espaços urbanos serão mais sustentáveis, seguros e com iniciativas que funcionem melhor a longo prazo", conclui Stella.
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